quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Por trás da vidraça. (Caio F. Abreu)

"Cá entre nós: fui eu quem sonhou que você sonhou comigo?
Ou teria sido o contrário?
Sonhei que você sonhava comigo. Mais tarde, talvez eu até ficasse confuso, sem saber ao certo se fui eu mesmo quem sonhou que você sonhava comigo, ou ao contrário, foi quem sabe você quem sonhou que eu sonhava com você. Não sei o que seria mais provável. Você sabe, nessa história de sonhos — falo o óbvio —, nunca há muita lógica nem coerência. Além disso, ainda que um de nós dois ou os dois tivéssemos realmente sonhado que um sonhava com o outro, também é pouco provável que falássemos sobre isso. Ou não? Sei que o que sei é que, sem nenhuma dúvida:
Sonhei que você sonhava comigo. Certo? Não, talvez não esteja nada certo. Também não era isso o que eu queria ou planejava dizer. Pelo menos, não desse jeito embaçado como uma vidraça durante a chuva. Por favor, apanhe aquele pequeno pedaço de feltro que fica sempre ali, ao lado dos discos. Agora limpe devagar a vidraça — quero dizer, o texto. Vá passando esse pedaço de feltro sobre o vidro, até ficar mais claro o que há por trás. Lago, edifício, montanha, outdoor, qualquer coisa. Certamente molhada, porque só quando chove as vidraças embaçam. Será? Não tenho certeza, mas o que quero dizer, disso estou certo, começa assim:
Sonhei que você sonhava comigo. Agora penso que é também provável que — se realmente fui mesmo eu a sonhar que você sonhou comigo; e não o contrário — eu não estivesse sonhando. Nada de sono, cama, olhos fechados. É possível que eu estivesse de olhos abertos no meio da rua, não na cama; durante o dia, não à noite — quando aconteceu isso que chamo de sonho. Embora saiba que — se foi dessa forma assim, digamos, consciente — então não seria correto chamá-la de sonho, essa imagem que aconteceu —, mas de imaginação ou invento até mesmo delírio, quem sabe alucinação. Mas não, não é isso o que quero contar, O que quero contar, sei muito bem e sem nenhuma hesitação, começa assim:
Sonhei que você sonhava comigo. Parece simples, mas me deixa inquieto. Cá entre nós, é um tanto atrevido supor a mim mesmo capaz de atravessar — mentalmente, dormindo ou acordado — todo esse espaço que nos separa e, de alguma forma que não compreendo, penetrar nessa região onde acontecem os seus sonhos para criar alguma situação onde, no fundo da sua mente, eu passasse a ter alguma espécie de existência. Não, não me atrevo. Então fico ainda mais confuso, porque também não sei se tudo isso não teria sido nem sonho, nem imaginação ou delírio, mas outra viagem chamada desejo. Verdade eu queria muito. Estou piorando as coisas, preciso ser mais claro. Começando de novo, quem sabe, começando agora:
Sonhei que você sonhava comigo. Depois que sonhei que você sonhava comigo, continuei sonhando que você acordava desse sonho de sonhar comigo — e era um sonho bonito, aquele —, está entendendo? Você acordava, eu não. Eu continuava sonhando, mas na continuação do meu sonho você tinha deixado de sonhar comigo. Você estava acordado, tentando adequar a imagem minha do sonho que você tinha acabado de sonhar à outra ou à soma de várias outras, que não sei se posso chamar de real, porque não foram sonhadas. Mas, se foi o contrário, então era eu, e não você, quem tentava essa adequação — nessa continuação de sonho em que ou eu ou você ou nós dois sonhamos um com o outro. Nos víamos? Quase consegui, agora. Preciso simplificar ainda mais, para começar de novo aqui:
Sonhei que você sonhava comigo. Depois, fiquei aflito. E quase certo de que isso não tinha acontecido. O que aconteceu, sim, é que foi você quem sonhou que eu sonhava com você. Mas não posso garantir nada. Sei que estou parado aqui, agora, pensando todas essas coisas. Como se estivesse — eu, não você — acordando um pouco assustado do bonito que foi ter tido aquele sonho em que você sonhava comigo. Tão breve. Mas tudo é muito longo, eu sei. Estou ficando cansativo? Cansado, também. Está bem, eu paro. Apanhe outra vez aquele pedaço de feltro: desembace, desembaço. Choveu demais, esfriou. Mas deve haver algum jeito exato de contar essa história que começa e não sei se termina ou continua assim:
Sonhei que você sonhava comigo. Ou foi o contrário? Seja como for, pouco importa: não me desperte, por favor, não te desperto."

Caio Fernando Abreu.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Nobres corações.

Que se quebrem os vidros de todas as janelas.
Tanto, quanto todos os corações partidos.
Corações confusos.
Corações perdidos.

Eu quero ser seu casulo.
Seu descanso merecido.
Seu paraíso escolhido.
O seu colo preferido.

Na ação, na reação,
Certo ou errado.
Pela paz e pela guerra.
Meu amor nunca se encerra.
No meu peito, ele ainda berra.

Nobres sejam todos os corações que se entregam,
que se doam e se quebram.


sábado, 16 de outubro de 2010

Canção para Cauã.



JOSEFINA.

Dona Girafa já vem vindo
toda esbelta e elegante
É alegre e vive sorrindo,
vaidosa e radiante.

Girafa, Girafuda, Girafinha!
Ela é toda amarela
e cheia de pintinha.

Muito alta e vistosa,
cílios grandes e pescoção.
Fica sempre tão charmosa,
quando mostra seu linguão!


terça-feira, 7 de setembro de 2010

Lágrimas.

Lágrimas são sentimentos expostos em estado líquido.
Eu não choro mais.
Apenas deixo-me transbordar pelos olhos.


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Gotas de Lua.

Minha alma sedenta, pela noite te procura.
Absorve aos goles, gotas de Lua.
Doces são os lábios,
e a carne... crua!

Roça tua pele em meu ventre.
Desliza tuas mãos em minhas curvas...

Me atiça os sentidos!
Acende tua chama!
Me incendeia, me ama!

Me decifra, me deixa nua.
Transborda-me o seu tato.
Porque hoje eu sou tua.

domingo, 15 de agosto de 2010

Isadora.

Misteriosa mulher invisível que me dá as mãos
e me leva para outra dimensão.
Sedutora alegria contagiante que me invade o coração.
Exala o perfume dos anjos que perderam suas asas
e esqueceram o caminho de casa.
Enche minha vida de cores, me apresenta novos sabores
e me enfeita com muitas flores.
Pertence a uma outra esfera.
É fruto da fertilidade da Primavera.
Me ama, me acaricia, me venera!

Mora dentro de mim.

Das múltiplas faces existentes em meu ser,
ela é a que mais me fascina.
Porque me alucina e a todos ilumina.
É chama acesa.
Indomável fantasia, faceira!
Intuitiva, ela é feiticeira!

Inconstante; cobiça miragens.
Mergulha nas mais loucas viagens.
Coleciona pétalas que são deixadas por seus caminhos,
de um horizonte imaginário!
Que vem me oferecer, em formato de relicário.



sábado, 14 de agosto de 2010

Vozes dos Deuses.

Nos meus sonhos coloridos,
as vozes dos Deuses vem me visitar.
Gritos sussurrados de suspiros...
Todas as palavras que posso inventar!
Sons que cantam com o vento.
Canções presentes nos campos da mente.
Vou seguindo as estrelas do infinito.
Solto minhas asas no ar!
Tranquei as sementes do mal num porão escuro.
Agora vejo tudo brilhar!
Bebo a água da fonte dos desejos.
Faço juras de amor e distribuo meus beijos.
Ouço as vozes dos Deuses a me guiar.
Caminho pela estrada do meu coração.
Faço de conta, varinha de condão.
Rastros de magia, feitiço...
Alucinação!





sábado, 7 de agosto de 2010

Leveza.


Na leveza dos seus encantos,
me deixei levar.
Na corrente dos seus desejos,
resolvi mergulhar.
Desfrutei das suas maravilhas.
Me alimentei com suas doces palavras.
Sua essência me iluminou.
E agora, os caminhos do seu destino lhe carregam pra longe.
Vai! Vai em busca dos teus sonhos!
Leva a alegria em teu peito.
Oferece o seu sorriso mais bonito.
Se lambuza com a beleza dessa louca vida!
Guarda em tua alma, todo o amor que há no mundo!
E se algum dia voltar,
encontrará no meu jardim
as lindas flores que brotaram
das sementes encantadas
que a sua presença plantou no meu coração!


sexta-feira, 16 de julho de 2010

Vida.

Saboreio momentos.
Consumo instantes.
Relampejo...
Me delicio a cada segundo.
Me alimento de fatos.
Experimento meus atos.
Vivencio o agora.
Resplandeço...
Coleciono sonhos.
Reflito sorrisos.
Cultivo afetos.
Transmito encantos.
Multiplico alegrias.
Compartilho AMOR!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A beleza da vida!

Minha primeira edição de vídeo!
Um pouco das coisas que me fazem ver como a vida é bela!


Música: Beauty in the World ( Macy Gray)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Fragmentos de mistério.



Na tela da lembrança passa agora, o mesmo filme.
Imagens, que ninguém mais viu.
Vejo e revejo sem parar.
Fragmentos projetados no infinito.
Fragmentos ocultos de mistério.

Mobilizo todas as células do meu corpo
e tateio na escuridão, uma palavra-chave para desvendá-lo.
Impulsos de euforia alimentam uma infinita vontade.
Levito em pensamentos...

Quero escrever essa história.
Plasmar essa lembrança.
Multiplicar os fragmentos.
Colar um fragmento ao outro.
Construir a história de nós dois.
Com um eterno começo
e um meio sem fim!

sábado, 3 de julho de 2010

Cântico negro. (José Régio)

" 'Vem por aqui' — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: 'vem por aqui!'
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: 'vem por aqui!'?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: 'vem por aqui'!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"

terça-feira, 22 de junho de 2010

Meu elo perdido.

As vezes, tenho uma imensa necessidade de me encontrar.
Desvendar o grande mistério do MEU elo perdido.
Virar eremita. Me esconder do mundo. Sumir!
Se fosse possível; a desmaterialização seria o ideal.
Esse turbilhão das benditas emoções outra vez...
Preciso ficar em silencio profundo, até que todas essas vozes dentro de mim se calem.
Mergulhar no nada. Nadar numa folha de papel em branco.
Me encolher o máximo que puder, até virar sementinha.
Para que eu possa germinar...
São respostas contraditórias e involuntárias a me perturbar.
Mas, se não existem nem mesmo as perguntas, como é que elas estão lá?



sábado, 12 de junho de 2010

Quem é você?

O que você vai ser
quando você crescer?

Corrupto,
Otário,
Traficante
ou Demagogo?

Puta,
Poeta,
Alienado
ou Artista?

O que você vai ser
quando você crescer?

Cardiopata,
Hipocondríaco,
Psicótico
ou Analista?

Estamos todos doentes.
Cidades fabricam neuroses.
Sistemas produzem traumas.
Leis só existem no papel.

O que você vai ser
quando você crescer?

Alcoólatra,
Viciado,
Alucinado,
ou Delinquente?

Não deixe que os outros lhe digam
quem você deve ser.
A gente ama, sofre, sente.
Toca, ouve e vê.

Existe uma voz, bem lá dentro de você.
Procure ouvi-la.
E agora me diga.
Quem é você?



quinta-feira, 10 de junho de 2010

Do Baú de infância.

Direto do báu da minha infância, resgatei alguns cadernos.
Tenho um carinho especial por alguns deles.
Aqui vão dois versinhos que escrevi aos 13 anos, quando tive meu primeiro contato com a morte. Uma experiência marcante.
Nestes versos de criança, com alguns erros ortográficos comuns para a idade, ficou o registro da minha eterna saudade!!!


segunda-feira, 7 de junho de 2010

E a culpa é de quem?


Confusão mental, vista turva.
Tudo embaralhado.
Parado no meio do caminho
com o estômago embrulhado.

Tá de noite,
a Lua não veio,
tô sem lanterna
preso nessa caverna.

Procurando uma resposta,
sem saber qual é a pergunta.

Total desconexão.
Sinto frio e solidão.
Já não existe coração.
Tá faltando compaixão.

O novo não acontece.
E a culpa é de quem?
Papai do Céu, vê se não me esquece,
sou uma pessoa do bem.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

Apenas Crianças.

As farras noturnas
de fulgor momentâneo
preenchem os vazios
como um alívio instantâneo.

A euforia farsante
das conversas de bar
se torna uma coisa instigante,
fácil se embriagar.

São tantos sorrisos tortos.
Diria até um poucos mortos.
Todos a exclamar suas questões,
inflamados de emoções.

No fundo são apenas crianças
que ainda tem medo do escuro.
Estão a buscar esperanças
para as dúvidas do futuro.


sábado, 29 de maio de 2010

Amigos sentimentos.

Sem que eu percebesse, a precipitação chegou junto com a inconsequência e as duas, sorrindo, me deram as mãos. A ingenuidade, por sua vez, também veio participar. Quando dei por mim, era tarde demais para olhar pra trás. Foi aí, que o arrependimento veio com toda a sua fúria e me agrediu friamente. Você apareceu lá de longe passando, lindo de braços dados com a imaginação e a lembrança.

A tristeza me deu um forte abraço me fazendo derramar algumas lágrimas. A lamentação as enxugou e me fez companhia. Até hoje ela está ao meu lado, sempre trazendo a lembrança para tomar um cafézinho. E o arrependimento, de vez enquando aparece ao longe acenando.

Só não sei onde é que foi parar a esperança. Essa desapareceu de repente. Nunca mais vi passar. Logo ela que era tão presente, vivia por aqui. Mas agora, quem está aqui todos os dias, sempre dando um alô é a saudade. Que por sua vez, sempre me fala de você.


Siminino.

Esse menino chega como quem não quer nada.
Sorri, senta e me conta uma piada.
Esse menino moleque.
Não pára quieto, todo serelepe.

Brisa nos cabelos, firmeza no olhar.
Sobe numa pedra, desce da pedra,
salta, dá piruetas no ar.
Parece até um passarinho aprendendo a voar.

Esse menino alegre, com apelido de rei.
É como um anjo perdido nesse mundão de Deus.
Pessoa que sempre gostei.
Admiro os sonhos teus.

Esse menino faz fama de durão.
Tira sarro com a cara de todo mundo.
Mas quando as coisas apertam pro seu lado,
ele entrega o ouro ao ladrão.

Esse menino é especial.
Deus tinha que olhar pra ele diferente.
Tinha que lhe dar proteção dobrada.
Para que nada o aconteça de mal.

Esse menino? Menino que nada!
Ele é um anjo disfarçado de menino.
Anjinho perdido, confuso e trapalhão.
E que ocupa um enorme espaço no meu coração.


sexta-feira, 28 de maio de 2010

Tic-tac faz o tempo.




Tic-tac faz meu pensamento.
E agora?
Será que ainda tá em tempo?
Da gente ser um dia
tudo aquilo que gostaria?
Tudo o que sonhamos
e ainda não realizamos.

Tic-tac, tic-tac faz o tempo.
A gente se enganou,
quando achou
que ele não nos alcançaria.
Agora, cá estamos
fundindo a cuca, nos desesperando.

Será que vai dar tempo?
O prazo é curto.



Eu quero é ser humano.

Eu canto Baia.
Escuto Mutantes.
Leio Nietzsche.
E ando de ônibus.

Procuro ser mais o que sinto
do que aquilo que entendo.
Não me interessa o ter.
Eu quero é ser.

Ser humana.
Ser mundana.

Mergulhar nos pensamentos
que me fundem a mente
e sair pra dançar.
Perder a consciência por algumas horas.

Ser empírica e filosófica.
Acreditar na ciência
e nunca deixar de ter fé.
Me haver na dualidade universal.

Onde tudo tiver que existir razão pra ser,
eu vou experimentar sensação.
Não sou do contra.
Nem nado à favor da correnteza.

Se me ocorrer a dúvida,
será nela que encontrarei a certeza.

Enquanto isso,
Rita Lee canta, dizendo
que hoje é o primeiro dia,
do resto da minha vida.


Em - 27/03/2007.


Eu quis.

Eu quis que fosse magia.
Eu quis ser inesquecível.
Eu quis lhe dar muita alegria.
Eu quis ser irresistível.

Mas você resistiu
Mas você esfriou.
Mas você nem me viu.
Mas você ignorou.

Poderia ter sido lindo.
Poderia ter dado certo.
Poderíamos viver sorrindo.
Poderíamos estar mais perto.

Se houvesse retribuição.
Se houvesse cumplicidade.
Se houvesse mais afeição
Se houvesse menos saudade.


Somente meu.


É tudo tão bom
quando você está por perto.
O que eu sinto
ainda não sei dizer ao certo.

Você parece um farol
quando sorri dessa sua maneira.
E brilha mais que o Sol,
aí não é brincadeira.

O coração se espreme
no fundinho do peito
querendo me dizer
que não tem mais jeito.

Agora serei somente sua,
e você somente meu.
Graças a branca Mãe Lua,
que fez juntar você e eu.


O que será?

O que será essa loucura toda?
Será realmente tudo verdade?
Será que a felicidade resolveu enfim se chegar?
Ou será ilusão,
desse meu tonto coração
que vive a se enganar?
Será ou não?
Se for de verdade,
acho que a felicidade é que endoideceu.
Porque escolher logo eu?
É meio assustador.
Tanta alegria assim,
tanta felicidade assim,
depois não sei não.
Mamãe já dizia,
que quem muito ri depois chora.
Aí bate uma insegurança daquelas,
que não deixa a gente dormir.
Por mais que se mantenha os olhos fechados;
só consigo ver aquele rosto lindo,
me olhando com aquele sorriso safado.
Êta, cabra danado!!!
O que fez com meu coração?
Agora está enlaçado,
feito peão faz com o gado.
Entrego pra Deus abençoar.
Se for ilusão, pro coração aguentar.
Se for amor, pra não judiar;
trazer muita alegria, muito beijinho
e bastante carinho para lhe dar.



A estação.

Você foi como o verão.
Chegou de repente.
Esquentou o ambiente
e me deixou bem contente.

Com você fui feliz.
Dei muita gargalhada.
Fiquei mais bonita
e bastante agitada.

Mas de repente foi embora.
Junto com a estação.
Só restando a lembrança e a esperança
de que outros dias virão.


Paixão de Verão.

O menino luz chegou,
um sorriso de marfim.
Com seu olhar me enfeitiçou,
oferecendo girassóis e jasmim.

Moreno dourado do sol de verão.
Ficou do meu lado fazendo serão.

Foi como ventania
seguida de tufão.
Mexendo com os sonhos
brincando com o coração.

Jogou com o desejo
e apostou no prazer.
Com um simples beijo
me fez enlouquecer.

E agora, o que vou fazer?
Já não posso mais te esquecer.

Você ficará na lembrança
de um tempo bom que não voltará
e estará também na esperança
de um dia te reencontrar.


Manual do AMOR.


Olhos nos olhos.
Olhos na boca.
Boca na boca.
Desejo...

Carícia, toque
Afago, união
Gemido, satisfação.
Prazer...

Um sorriso, um olhar.
Um abraço, um beijo.
Sono, sonhos.
Paixão...

Saudade, vontade.
Elo de ligação.
Ação, reação.
Sincronicidade...

Esperança, descobertas.
Recompensa, troca.
Interesse mútuo, doação.
Enfim AMOR.


Eu tenho FÉ.



Enquanto a luta diária
engole todos os meus sonhos,
eu acredito que os alcançarei.
Como uma lagarta.

Lá em baixo do abismo
existe um chão.
E será com os pés plantados na terra
que aparecerão minhas asas.

Os dias tem parecido difíceis,
mas não impossíveis.
Porque existe a certeza
de que amanhã o Sol nascerá novamente.

Acredito numa força maior.
Essa força depende de mim,
E é agarrada à ela,
que passo todos os meus dias.



Intensidade.


Intensidade.
Essa é a melhor palavra para traduzir sentimentos.
Não importa o que sinta,
mas seja lá o que for, que seja sempre intenso.

Viva seguindo seus impulsos.
Vezes errando feio.
Vezes acertando em cheio.

Assim é a vida.
Cheia de erros e acertos.
Mas sendo sempre você mesmo.

Hora, inconseqüente.
Hora, consciente.

Lições irá tirar, não apenas com os erros.
Satisfações, não apenas com acertos.

Vale tudo quando a questão é sentimento.
Por toda uma vida e a cada momento.


Verdade



Não tenho o menor talento para interpretar
a personagem que você idealizou pra sua vida.
Se as aparências te enganam,
lhe digo que não me convencem nem um pouco.

Não quero viver de ideais utópicos.
Minha brincadeira preferida
é encontrar a verdadeira face
das pessoas e da vida.

Que, por não sei qual motivo,
insistem em nos enganar.
Escondendo-se atrás das máscaras
de uma falsa moral.

A intensidade de um momento só existe
se você estiver ali
e ali existir de verdade.
É sendo verdadeiro que se vive.

A falsa moral apenas sobrevive.
A sobrevivência é morna e morta.
Não contém impulsos, nem pulsação.
Apenas obedece as regras.

Enquanto isso, a Dona Verdade, dá gargalhadas
nas fuças da sociedade.
A verdade se mostra pro mundo.
Por isso enxerga a realidade.

Prefiro a verdade de uma vida curta,
à uma longa sobrevida
nos moldes da falsa moral de uma sociedade.
Sim, eu estou aqui a passeio.

E nesse passeio eu passo meus dias.
Não obedeço regras.
Não abaixo a cabeça
conseguindo com isso algum trocado.

Não estou aqui para ser humilhado.
Vim aqui só pra me divertir.
Rir dos meus próprios erros.
E disposta a engolir as verdades indigestas dessa vida.

E é com ela, a verdade,
que engrandeço minha alma.
Subir na vida?
Só se for pra elevar meu espírito ao longo da mesma.

Eu não vou de elevador.
E se faltar luz?
Muito obrigada.
Quero subir pela escada.

Vendo de verdade as pessoas que por mim passarem,
me apaixonar intensamente
pela real face de todas as coisas.
E se eu tiver que quebrar a cara... que seja!!!

O importante mesmo é viver intensamente
a nossa verdadeira verdade.
Dentro de nós mesmos e fora,
fora de si mesmo.


Em Março/2007.